Precisa-se de pastor qualificado

Posted: terça-feira, 7 de setembro de 2010 by Radar - Pescador de Homens in Marcadores:
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          “Uma pequena cooperativa do interior, lá em Santa Luzia, anunciou que tinha uma vaga para pastor. Ofereciam R$ 1.500,00 por mês de ordenado, mas exigia uma licenciatura ou um bacharelado. Por mim, acho mais que correto.
           Tendo em conta que a “cabra” é um bicho difícil de lidar, até me parece adequado que o pastor possua um grau acadêmico elevado (principalmente dentro das Ciências Humanas ou Agrárias). Primeiro pensei que se tratava de mais uma dessas mentiras de 1º de abril, mas depois verifiquei no calendário e vi que o negócio era sério mesmo.
           Mais convencido fiquei quando assisti na TV à reportagem com um trabalhador formado em três Cursos Superiores, extremamente cansado de trabalhar num bar, e que agora se deleitava com as longas horas de contemplação reflexiva, proporcionadas pelo seu novo “emprego”.
          Que interessante: Pastor! Dizia o novo pastor, que antes levava uma vida muito estressada e agora podia relaxar! É o que nos faz falta a todos (relaxar de verdade) para ver se largamos a primazia na lista dos “povos” ansiosos, deprimidos e frustrados que se encontram aos domingos em alguns lugares confortáveis.
          O único problema é mesmo o bicho que se tem de apascentar. É que se as ovelhas ainda vão para onde o cão do rebanho as manda, mas com as cabras é uma história diferente, porque a cabra faz literalmente o que lhe passa pela cabeça e, quando contrariada, não se ensaia nada para meter uma bela chifrada em quem se lhe atravesse no caminho.
           Falo por experiência própria. Conheço bem as cabras, tanto em sentido literal quanto em sentido figurado. Se bem que estas últimas apresentem requintes de crueldade, maldade, perversão e estupidez sem par no mundo da animalidade.
          Caro Pastor, gostaria de deixar uma salgada mensagem aos nossos companheiros de ministério e aos aspirantes do verdadeiro pastoreio: caso pensem em mudar de vida aderindo ao “bucolismo campestre”, aconselho-o vivamente a arranjar um cajado robusto susceptível de ser arremessado a longa distância sem se partir em dois, porque os cães de rebanho que conheci recusavam-se liminarmente a auxiliar pastores de cabras, então o único recurso para estes profissionais é mesmo o cajado e o domínio de o atirar pelos ares de forma certeira às cabras que contrariem as suas pastoris diretivas, “roendo despudoradamente a casca das árvores da aroeira”, arte em que o gado caprino é por demais acostumado. Caso considerem um relacionamento com uma "cabra humana", cuidado, toda a prudência será pouca, o melhor mesmo é pensar duas vezes e optar por alguém com um temperamento mais cordato, mais meiga, mais razoável."
          Em pouco tempo de ministério aprendi com um grande amigo que o verdadeiro pastoreio é feito de: Sangue, Suor e Lágrimas, não de títulos ou participações de clubes sociais, onde pessoas com outros instrumentos de trabalho (idade, dons e talentos diferentes) são sempre rejeitadas, excluídas ou simplesmente não são aceitas. Que engraçado! Sou Pastor Batista e por muitas vezes com meus limites experienciais, consigo perceber que este "bucolismo induzido" em muitas igrejas tem dificultado muito o verdadeiro sacerdócio e que apesar de estar concluindo meu mestrado em Ciências da Educação, parece-me que cuidar de ovelhas me faz sentir cada vez menos qualificado!
          Que paradoxo.


Pr. Bruno Pontes

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